Diário de Lohan
De Mystical Tales
Os ventos quentes do deserto rebatiam implacáveis as muralhas do forte de Belsand.
O cheiro de sangue fresco enchia o ar para o agrado de alguns e repulsa de outros.
Do alto do terraço da fortificação, um homem trajado de negro discutia com voz firme, uma mescla de tom bárbaro e diplomático.
Em meio a ele e seus homens estavam alguns membros da guarda de Kalesh, como Edward e Alothios, o rude anão Toril, o velho e leal Ragnard, a jovem arqueira Catharina e o mal-educado Lohan Roannor, vindo em nome da guerra.
Palavras de união e cooperação eram faladas naquala tarde quente, porém o halito de todos estava impregnado com o gosto do sangue, anunciando mais uma vez que a paz vem sempre acompanhada de suas fiéis amigas, a Morte e a Guerra.
Contudo, em meio a discução, ouviam-se dois risos graves vindo do fundo do círculo de conversa, risos de zombaria as palavras do homem de negro, vinham de Lohan e Toril. Indignado com a afronta, o estranho interveio junto aos dois e perguntou primeiramente a Lohan:
- "Qual missão aqui guerreiro de Alkron?" - Disse ele com voz afrontadora
- "Oras, a Guerra somente" - Retrucou Lohan com naturalidade sem se intimidar, soltando um breve riso.
O homem então lhe fez uma pergunta que aparentemente não afetou o Paladino da Guerra, porém suas viceras escondidas por de trás da armadura gasta de várias batalhas se remexeram com violência.
- "Ama Kalesh?"
Lohan exitou. Sempre lhe é perguntado sobre assuntos de guerra, armas e afins, porém sentimentos.. Sentimentos.. Ele fora pego desprevinido.
- "Oras.." - tentou ganhar tempo - "Defina amar.."
- "Amar é dar sua vida, considerar Kalesh como seu Lar" - Disse enfático - "Não somente sua residência, mas um lugar que se preza em proteger."
- "Nesse caso sim" - Diz Lohan limpando a garganta - "Amo sim de certa forma, porém do meu jeito, mesmo que muitos nao entendam direito."
O homem misterioso sorriu satisfeito
- "E Edward? Respeita Edward?"
Lohan engasgou com a pergunta, era uma pergunta inteligente, feita para lhe afetar tanto em sua moral como para com os oficiais de Kalesh.
- "Erm.. Na verdade não repeito" - Falou Lohan com um sorriso no rosto - "O considero mais fraco que eu, pior guerreiro, e portanto não sei por que deveria repeitá-lo. Porém.. " - fitou a capas do guarda com o brasão da guarda - "Como Edward é o capitão da Guarda, creio que por questões legais tenho que respeitá-lo dentro das muralhas.. dentro das muralhas.."
O vento pareceu levar as palavras do guerreiro, ao mesmo tempo que um clima tenso se formou à afronta verbal direta a Edward, que pareceu não se importar olhando fixamente para a abobada azulada e clara acima de todos naquela tarde quente.
Em seguinda foi a vez do anão responder às indagações do homem de preto. De forma desbocada e rude também respondeu sem pestanejar ao que lhe foi indagado. Manteve sua barba robusta exposta, peito cheio e olhos selvagens, um exemplar raro do orgulho e rigidez anã.
O homem dessa forma continuou a perguntar a todos sobre Kalesh e Edward. As respostas foram semelhantes, porém não tão convincentes.
A inteligencia do homem fora sutil nas perguntas, em que poucos perceberam sua a real intenção. O misterioso, na verdade, investigava os possiveis frutos de sua estrategia de cooperação com Kalesh e, para isso, precisava saber se o povo desse lugar detinha amor o suficiente para lutar por sua cidade até o ultima gota de sangue de seus corpos; daí sua primeira pergunta. Além disso precisava saber também se o povo era ordeiro o suficiente para respeitar leis e acordos, a exemplo da pergunta sobre Edward, representando a Lei.
Mesmo contrariado sobre as respostas, finalmente o desafio fora lançado..!
Os bravos teriam de ir a um outro forte, sob diminio dos Al'Kadins, buscar uma espada.
Os cabelos de Lohan que esvoaçavam com o vento, agora, revelaram olhos apertados, desconfiados das intenções do homem. Toril o cutucou, ambos afirmaram um para o outro se compreendendo.
Porém a vontade de guerra era grande.
Lhe foi dada uma explicação banal, algo que era facilmente passivel de falsidade.
Mesmo assim, um a um os guerreiros rumaram para os campos, em sentido Sudoeste, com o sol sobre suas cabeças tentando esmagar suas vontades de vitória.
Contudo, nem os maiores temporais, cataclismas e descórdias divinas conseguiram até então abafar esse povo, vindo de Volund, herdeiros do caos e morte.
Isso somente os tornavam mais fortes.
E por onde marcham eles deixam suas pegadas.
E em breve, deixariam não somente pegadas no forte Al'Kadin...
Eles marchavam firme..