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Diário de Batalha de Ragnard

De Mystical Tales

“Acabei de acender as tochas, pois o sol já ameaçava sumir, e deixei a casa. Já estava na metade da ponte da rua principal, tentando lembrar se havia dado a cópia da chave à Clara, ‘Há!’ esbravejei comigo mesmo, agora pensava se realmente havia trancado a porta; mas de longe vi uma luz no centro da praça, tremulando no ritmo das labaredas, que me trocou os pensamentos por outros. ‘Fogo na praça! Erestor voltou!’ pensei alto. Mas não... Era só a fogueira brilhando que distraía o carpinteiro... Me aproximei e fiquei ali, observando os estalos da brasa, acho que Edward chamou por mim umas três vezes até eu perceber alguém do meu lado.

Ele chamava por mim e por mais quem podesse ajudar, disse que estávamos com problemas no forte, que Ylon precisava de nós urgentemente. Alguns minutos e estavamos de saída no portão, Jamil mal acabara de abri-lo e fomos surpreendidos por um ataque de um batalhão de arqueiros Al'Kadins, um pequeno combate que resultou com uma arqueira deles aprisionada, que respondeu algumas perguntas do senhor Edward, mas pouco disse de produtivo além de que era um ataque para nos desviar as atenções, a mesma morreu logo em seguida com um assustador raio a atravessando e, quase que no mesmo instante, outra arqueira gritava de cima da murada de Kalesh. Meus ouvidos não me permetiram entender o que ela dizia, mas meus olhos viram quando ela se jogou lá do alto. Rapidamente Edward ordenou que a cidade fosse vasculhada pelos soldados, a mim pediu para ir as pressas até Ylon, avisar que a ajuda só chegaria com o sol.

Confesso que fazer essa viagem só, numa noite que recém se iniciava me deu calafrios. Até os passos de um escorpião caçando foram suficientes pra eu me jogar na areia por alguns minutos, mas não tive grandes problemas, exceto quando me vi no meio de uma luta noturna de alguns Elementais do Ar com uma patrulha Al’Kadin. Ao meu ver, todos largaram seus adversários para dar fim no estranho que apareceu no campo, eu. Por sorte a noite me ajudou a correr até a Floresta das Folhas Mortas, e, o mais estranho de tudo, me deparei com um velho encapuzado e frágil, que me saudou, falou algumas palavras e cicatrizou o corte que um Elemental me fez, e como se nada houvesse acontecido, ele se despediu e sumiu na escuridão. Foi uma ajuda assustadora, continuei rumando norte pela floresta, encontrei o estranho Velho denovo, agora andando pelas escadarias do templo abandonado Al’Kadinn, dessa vez ele me disse que procurava por ervas, agradeci pela ajuda anterior e segui apressado até o forte. Não demorei a chegar no Desfiladeiro dos Enforcados, tomado por fantasmas e espectros. Passando por eles cheguei ao forte e fui logo recebido por Ylon. Acredito que ele esperava a chegada de todo um exército, mas não comentou nada ao me ver só.

Ylon me levou pelas escadas até a mesa, onde recuperei o fôlego, expliquei do ataque e que a milícia chegaria com reforços pelo amanhecer. Conversamos um bocado, ele me disse o real motivo de irmos até o Forte: um povo que habita as terras entre nós e Askell. Disse que havia uma faixa de terra ocupada por essa gente, mas uma tribo, ou seja lá como se denominam, em especial era nosso objetivo. Tharkass eram eles e Joscelyn o seu líder. Ylon falou mais sobre aquele livro que havia me mostrado semanas atrás, agora explicando que as estranhas palavras eram da língua nativa deles, mais além anotei elas aqui no diário. Me lembro de uma em especial, “Kota”, lutar. Por sorte pronunciei essa alto quando explicava aos homens recém chegados o que fariamos, eram eles Alothios, Edward, o louco do Lohan, a jovem arqueira Catarina e o rude anão que me fez alguns serviços, Toril.

Com o nascer do sol, guiei os homens até os fundos da mina, não tivemos muitos provlemas com os que nela habitavam, passamos a passagem e do outro lado do desfiladeiro fomos para o norte, bem como Ylon me disse para fazer.

Logo vimos o forte dos Tharkass, de longe já ouviamos seus gritos e risadas. Estavam todos bêbados, inclusive o líder Joscelyn. Foram muito hostis no encontro, e nós não tinhamos presente algum para amenizar a situação. Eu folheava as anotações que fiz, tentando falar palavras soltas do seu idioma, mas estava nervoso demais para falar algo útil. Cutuquei Edward para ele tentar nos salvar das ameaças e zombarias que vinham do alto do forte. Ele conseguiu nos fazer ganhar tempo, explicando quem éramos e falando da aliança. Enquanto isso os outros lidávam com um grupo de Formigas Leão que nos perseguia. Eu já estava sem esperanças de conseguir a aliança que acabaria de vez com o cerco Al’Kadin, até que do forte gritaram:

- Homens de Kalesh! O que vale mais que ouro e brilha menos que prata!?

Nos entreolhamos sem saber o que dizer. Eu pensei rum, claro. Mas havia visto alguns barrils sujos debaixo da escada do forte, e deduzi que aqueles que perguntavam prefeririam cerveja, e quase que sussurrando supliquei apra que Edward respondesse:

- Cerveja! – ele gritou uma resposta pausada e desconfiada.

Ouvimos gritos de alegria do outro lado, e mais ainda quando Toril, obcedado por uma luta, começou a gritar insanamente:

- Kooooota! Kota!

O uivo no forte se intensificou. Foi o suficiente para as portas se abrirem, e sermos recebidos numa sala que fedia a festa e suor. A alegre recepção foi na verdade um terror para nós. Eram homens grandes, todos armados e visivelmente bêbados, gritando e zombando de nós, até que Joscelyn os fizesse calar as bocas. Conversamos por algumas horas, tivemos todos de beber sangue, como parte de ritual de confiança. Nessa ocasião, muito mais que em qualquer outra, quase que toda a missão vai por água abaixo quando Catarina se negou a tomar o tal sangue, alegando ser contra sua fé. Entretando, depois de tomar com esforço, e vomitar tudo pelo chao do forte logo em seguida, os homens de Tharkass tornaram-se amigáveis. Falaram mais do seu povo, inclusive que eles mesmos ajudaram a formar o cerco contra nós. Resumindo, tudo que disseram é que seu povo é um grande grupo de mercenários que vive da guerra, como Ylon havia dito. Já lutaram por Askell, por Savras, pelos Al'Kadins e muitos outros. Eles lutam por aqueles que julgam os mais fortes, aptos a vencer, e tinhamos que convencê-los naquela conversa abafada no sol da tarde de que Kalesh era o lado forte.

Pela benção dos deuses, nós conseguimos! Mas como acordo, Joscelyn ordenou que partíssemos naquela mesma tarde para um forte Al’Kadin, e recuperássemos a espada do seu pai. Strageslus... O nome da arma me soou familiar, creio que já vi sobre ela em um dos vários livros de relíquias e lendas que li, mas é provavelmente confusão de uma mente velha.

Chegar até o forte foi fácil, encontramos dois velhos no caminho, um era aquele alto mago que fede a reagentes, que nos acompanhou toda a busca, o outro sumiu tão misteriosamente como apareceu. Mas passar da entrada foi uma das investidas mais difíceis que presenciei. Fomos percebidos rapidamente, o alarme tocou e em poucos segundos fileiras de arqueiros se formaram por trás de uma grossa grade, e atiravam flechas que ecoavam naquele corredor que nos encontrávamos. Fomos salvos pelos escudos, pelas flechas de Catarina e as estranhíssimas magias do Mago dos esquilos. Lohan e Alothios tentavam me dar cobertura enquando eu arrombava o portão, mas era díficil me concentrar em meio a uma chuva de sangue e gritos. Tive de recuar e, com muito desgosto arremessar duas das três jóias que carregava para explodir aqueles arqueiros bastardos. Percebendo que abrir o portão com as michas não era uma alternativa, Lohan, Edward, Toril e Atholios arrombaram ele, se jogando ordenadamende sobre as grades, fazendo o corredor da caverna tremer num barulho amedrontador. Em três ou quatro investidas, eu, agaixado atrás de uma pedra, achei que a caverna toda estivesse caindo sobre nós, mas era apenas o portão tombando por cima dos Al'Kadins que tentavam mantê-lo firme do outro lado. Foi uma luta díficil... Eles tinha uma tropa em torno de quatro vezes a nossa, o que pouco diferenciava nos estreitos corredores, mas os desgraçados lutavam com habilidade e organização. Creio eu que entre derrubarmos o portão e conseguirmos passar pela brecha passou-se mais de quinze minutos de espadas, chutes, gritos e sangue jorrando. Até que finalmente conseguimos adentrar e matar aqueles porcos de Ferid. Achar a tal Strageslus foi fácil, uma belíssima espada da cor do sangue que ficava guardado num resistente baú no fundo da maior sala, nada mais que óbvio.

A volta ao forte dos Tharkass foi tranqüila, o sol já estava se despedindo fraco e, dessa vez, fomos rapidamente recebidos nor portões do forte. Não sei se fizemos bem em dar-lhe tal arma sem nos informarmos a respeito, pois ela era fortemente protegida pelos Al'Kadins, creio que tenha muito mais que apenas valor sentimental ao herdeiro Joscelyn. Mas isso não é da minha conta, que já estava exausto e, assim como os outros, fiz a minha parte."

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