Visualizações

Os Relatos De Kalys

De Mystical Tales

Esta é a historia do fim dos tempos modernos, eu, como um dos ultimos homens cultos que restou do circulo velado, decidi descrever os ultimos dias daquelas épocas, para que no futuro, um povo talvez mais consciente possa conhecer essa historia com mais precisão.

Luyaran teve seu tempo como o grande reino, tinha finalmente uma grande cidade que era Bel-Luna, tinha Luya que era a cidade mãe, e ainda dentro de suas dependências Eldanore, o lar dos elfos. E dentro deste novo e prospero modelo de reino, iniciou-se a construção da paz, o dia em que, os exércitos combinados de Belsand, o reino de Lucas LaVeque e Luyaran combateriam e derrotariam a ameaça de Abissai. Era uma noite escura quando os exércitos marcharam para a fronteira, saíram de Bel-Luna, Thomas Surt, o herói, o príncipe e a esperança da paz, a sua caminhava iniciava-se para o encontro de homens da Ordem da Falange, os regentes de Luya, e finalmente, o reino dos Elfos. Deu-se a batalha, mas esta é uma que irei contar com o passar desse relato, não sendo este o momento exato.

A cidade de Bel-Luna ficou praticamente vazia, restando apenas alguns reles trabalhadores, algumas mulheres e a nossa rainha, Patrícia, a donzela de ferro, aquela que trouxe Luyaran a tudo que era no momento. Nos pequenos momentos de calma durante aquela noite, nós que esperávamos na taverna por simples noticias, podíamos olhar pelas janelas, nossa rainha ajoelhada no alto do castelo, rezando a sua deusa, rezando pela vitória, e pela paz. As poucas tochas do castelo me permitiam vislumbrar o rosto, embora sofrido com a idade, ainda belo de Patricia, seus cabelos vermelhos caindo pelo rosto, e os olhos verdes e decididos pelos quais o povo de Luyaran se apaixonara. Logo minha atenção se virou a taverna novamente, Giovani estava servindo alguns homens bêbados, e a tentativa deles de roubar a garrafa das mãos do fraco e jovem taverneiro chamou minha atenção, desviando-me do pequeno brilho que se deu na noite, meu olhar, rapidamente desviado para as janelas, pode apenas observar o final de tudo, vi a figura de Aztrail, alta, imponente e com um belo sorriso, e vi Patricia, de costas, com a postura reta como sempre.

E como se agora eu descrevesse a minha própria morte, descrevo meu desespero daqueles breves momentos, mal tempo tive de gritar ou me movimentar para fora da taverna, meu grito atraiu a todos do recinto, que junto a mim correram em direção ao castelo, e nossa ultima visão antes que as lagrimas tomassem nossos olhos, foi a de Patricia, caindo do alto do castelo, junto ao seu trono de pedra, foi um momento singular, um espetáculo triste, a estrela de Luyaran caia do céu, em uma queda lenta, que em meu coração, durou não menos que um ano, na vida, menos de um segundo.

Naquele momento ninguém que não estivesse na cidade saberia citar os acontecimentos, lembro-me de gritos, lembro-me de um choro fino em meus ombros, a procura pelo assassino nada rendeu, e nossos corações procuravam uma explicação, enquanto isso, ao olhar o céu, pude apenas observar a Lua Rubra se escondendo timidamente, como em um sinal de luto, se preparando para a vingança maior...

Voltando-me ao campo de batalha, agora posso contar o que pude concluir de mais coerente daqueles restantes da batalha, sendo estes os fatos.

A batalha das fronteiras de Abissai foi algo digamos comum, dois exércitos de tamanhos similares se confrontaram e devido ao grande tamanho, parecia não ter grandes mudanças evidentes, sabe-se apenas que os grandes homens do reino lutaram bem como sempre, tenho relatos de Sigmond, Morgoth, Thomas, Valkiria e muitos outros, lembranças dos gritos de Hobbes enquanto enfrentava a morte, mas Abissai teve seus heróis também, e estes lutaram perfeitamente bem.

Sabe-se que em uma batalha deste porte, não há apenas um confronto direto, muitas vezes os exercitos recuam, observam e estudam o inimigo, descansam e se alimentam, e fazem propostas para que os outros se entreguem, meros cortejos de guerra inuteis e sem nenhum precedente e sucesso. Em meio a um dos intervalos, enquanto a noite se sustentava em seu auge, o ar pareceu ter uma repentina mudança, tendo novos inimigos em cena, de um lado, tínhamos os mortos controlados por Tlaloc, de outro bestas selvagens, estas controladas por Balthazar e outros agentes do caos de seu mesmo nível, Wax e a tribo do rezerk, com seus selvagens animais, bestas e feras com tamanhos de arvores élficas rondando o campo de batalha, e naquele momento todos souberam, quem seriam os novos donos das noites.

A matança que veio a seguir não possuiu necessidade de se ver presente nesse relato, sabe-se apenas que, os eldars se refugiaram em suas sagradas terras, como se ao invés de orelhas pontudas tivessem asas, os exércitos de Abissai e Nieheim se retiraram para as fronteiras, tendo eu, ainda hoje cinco anos depois, uma falta total de noticia sobre os reinos deles. Naquela noite morreu também uma lenda, Lucas LaVeque sabendo de sua idade e incapacidade de fugir, confrontou Balthazar, o rei pode impressionar os poucos expectadores que possuía, lutou como um guerreiro firme e coerente, veloz mesmo com a idade, e com uma variedade de truques sujos, que dariam inveja até mesmo a Jacobino. A bondade de Balthazar fez da morte de Lucas algo rapido, e que os deuses o tenham.

Os portões de Bel-Luna receberam apenas feridos e homens desmoralizados, estes que, foram caçados pelos inimigos que o cercaram no campo de batalhas, estes mal sabiam das noticias que esperavam eles. Dois dias depois ainda recebíamos homens brutalmente feridos que vinham refugiados, homens de todos os reinos, e até mesmo alguns elfos. No terceiro dia recebemos os Últimos homens, aqueles que temíamos estarem mortos, recebemos a falange, quase inteira, com algumas marcas de batalha no corpo e no orgulho, a chegada de Sigmond que acompanhava uma princesa sangrenta, Amanda LaVeque trazia apenas a espada de seu pai, aquela na qual ela quase deu a vida para recuperar, e felizmente foi salva pela falange antes de sua iminente morte, a princesa veio sem forças, e lembro-me de seus tempos no leito. No quinto dia após a batalha chegara o grupo final de sobreviventes, Valkiria e Rozz, estes carregavam o corpo praticamente estilhaçado de Thomas, vivo ainda, porém, não em suas melhores condições, depois de alguns meses recuperou sua eventual forma, talvez não o sorriso de antes, talvez não a convicção, mas ve-lo vivo ainda me traz uma ponta de esperança.


Relator: Kalys Dalion - Ex-Bardo da Rainha Patricia

Ferramentas pessoais