Os Diários
De Mystical Tales
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Diario de Jamil - 8 de Fevereiro de 785
Kalesh sempre se mostrou uma cidade interessante, e se eu pudesse destacar um ponto forte de meu trabalho, não é apenas o fato de conhecer todos, não apenas pela aparência, mas o modo de dizer olá, há os que apenas mandam abrir o portão, existem sujeitos como Ragnard, que em plena noite fria nas muralhas me trazem uma dose de rum e for fim aqueles que tentam apenas apresentar simpatia, o dia-a-dia das muralhas de Kalesh me proporciona dias alegres e dias tristes, me proporciona a emoção quando algo se aproxima, a felicidade quando Illya passa por mim e sorri com seu matinal e sagrado "bom dia", a apreciação quando observo Lucas sentado na muralha, olhando as areias e pensando na vida. São as pessoas que fazem de Kalesh uma cidade, e estas eu conheço todas...embora algumas não saibam ou reconhecem isso.
Hoje se mostrou um dia diferente, os ventos castigaram a cidade durante o dia e a noite, na minha calma hora de jantar, fui a taverna comer algo e rever alguns dos comerciantes, mas ao sair, me deparei com a mais nova surpresa que as areias de Kalesh haviam preparado.
Havia um campo brilhante, desenterrado pelos ventos, cercado pelo fogo e temperamental...nossas tentativas de aproximação ao campo forám inúteis, então, eu que não sou bobo nem nada, gritei por Erestor e outros arcanos que se encontravam próximos, para que pudessem estudar aquilo. Voltando aos portões, observei de longe a ação que se passava na cidade.
Diário de Mirra - 8 de Fevereiro de 785
As vezes sinto saudades dos Al'Kadins, nessas noites frias de Kalesh, lembro-me das festas, dos sorrisos e das danças, a fartura e as amizades. Realmente o serviço de espião não é algo grato, deixar de lado as pessoas nas quais eu confiei e vivi por tanto tempo, justo para voltar a uma lealdade que há muito ficou estranha, seca e sem sentido.
Mas do telhado da taverna, sentada em meu local habitual vi algo curioso, os arcanos, Erestor, Mandrake e Edward analisavam aquele campo de fogo que havia surgido em Kalesh, minha visão privilegiada pelo andar superior me permitia ver aquela grande pedra, vermelha e flamejante, que atacava e parecia se alimentar da curiosidade dos arcanos. Um momento de desatenção, quando olhei Lucas tropeçando enquanto andava pelas muralhas, e minha nova e assustada atenção para a pedra, que pareceu explodir, aquela mesma pedra que surgiu das areias de Kalesh, que parecia ter vida, definitivamente tinha, uma vida se levantou daquilo, nada maior que uma menina atani, aparentava ter pouca idade, cabelos curtos e olhos vermelhos como o fogo. Achei que ela estaria em desespero em meio as chamas, mas estas sumiram, deixando apenas aquela pequena criança abraçada a Erestor. Não entendi esse vinculo, essa ligação que eles tiveram, mas ela pareceu ter o mesmo com Idril, aquela criança com feições draconianas, abraçada a eles, confiando no abraço da elfa enquanto se segurava a Erestor...foi uma sensação estranha... nessas épocas sinto falta do mestre Mallandyr para me explicar sobre as coisas...
Sentimentos nunca foram minha especialidade, mas hoje estes vem a tona, sem saber o que é um abraço, sem conhecer o valor das palavras que os amigos falam, enquanto alguns na taverna gritam de felicidade, eu me sinto uma estranha, sem sorrisos ou comprimentos, apenas com o meu dever...em nome de Kalesh! Em nome do rei.
Diário de Mirra - 10 de Março de 785
A Campanha do Rei Gannon não me parece ter sentido, porém mesmo assim ele navega, de ponta a ponta dos mares, alternando seu tempo entre as forças Al'Kadins e explorações de ilhas. Essa campanha desbravadora, construindo fortes, pontes e construções apesar de ser tudo direcionado ao povo de Kalesh me causa um sentimento estranho... a cada dia o rei parece mais longe do povo, e o povo mais longe do rei.
Hoje fazendo meu serviço próxima a costa Al'Kadin pude observar as batalhas entre Mohinder e o Rei Ganon, foram 5 barcos destruídos, me apressei para Kalesh onde alertei Lucas, ele estava na arena, e preferiu não causar alarde ao povo, pegando os poucos que lhe restavam e navegando em direção a batalha, fui junto a ele, com a missão de voltar a cidade com a notícia que fosse, sendo esta boa ou ruim.
Após a busca pelo navio ou sobreviventes, Lucas me deu comando de ir a Kalesh e dar a noticia, isso é parte do meu trabalho, quer eu goste ou desgoste das decisões dele, junto a isso foi me dada uma carta, com uma ordem a mais, na qual eu só deveria executar após minha chegada a Kalesh.
Livro das Sombras de Mischa - Sacerdotisa das Três Rainhas - 10 de Março de 785
Como eram as ordens, Mirra veio alertar primeiramente aos sacerdotes, recebi as noticias com meus pesames de costume, rezei em nome daquele rei que conheci tão pouco, e logo me coloquei de volta ao trabalho. Em poucas coisas concordo com o Sacerdote do casal, uma delas é que um rei sem expressão ou apelo religioso não passa de um encosto, e Kalesh é uma verdadeira vadiagem quando me refiro a espiritualidade do povo, muitos tem raiva dos deuses pois acham que os deuses deram ou tiraram algo da vida deles... inúteis e fracos... os deuses não tiram ou dão nada, a vida faz isso.
As ordens de sucessão de Kalesh são bem claras, Ganon ordenou que a linha real fosse mantida, e a ordem de Lucas sobre apoiar Nare ao poder me indica que a familia LaVeque não possuí interesse em toma-lo dela, portanto vejo como missão própria lapidar essa pedra bruta chamada Nare, ainda com tantas paginas a serem escritas em sua vida, ainda com tanto de sua personalidade para ser formada.
Irei começar os preparativos para os rituais de coroação, devo apenas antes ir ao centro de Kalesh, acredito que eu possa ajudar a afastar os tumultos em torno do povo. Perder um rei nunca é facil, mas rezo as Três Rainhas, para que esse novo ciclo seja abençoado.