Diário de Thomas Azeroth
De Mystical Tales
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Morte do pai
O sol se punha, a tarde chegava. Thomas viera do porto com uma bacia de água e outra de piche. A água seria usada nos alimentos, pois há muito espalhou-se a notícia de que a margem que passava na cidade continha restos mortais. O piche, a venda. O porteiro abriu rudemente os portões da cidade e do mesmo modo os fechou. Os olhares de desaprovação cercavam o garoto. Não tem muito tempo, se tornara o "bandido macaco". É certo que Thomas gostava de escalar, subir e escorregar, mas não era bandido. Willie, o bêbado de Drinsham se aproximava com um sorriso malicioso.
- Acho que já pode me chamar de pai. - ele riu. Depois que sua mãe perceber que agora, só resta a mim.
Thomas parou. Deixou a bacia de água no chão e continuou com a outra na mão.
- Volte para Drinsham. Porque nada aguentará a fúria de meu pai depois que ele souber o que você disse. - o garoto agora analisava a expressão do bebum, que num cuspe, se aproximou.
- Se achar seu pai, eu irei. SE ACHAR SEU PAI! - os próximos caíram na gargalhada, apenas os mais sérios e justos se contiveram.
Thomas não entendeu o que se passava. Agaichou-se, pegou as bacias e foi para a Taverna. O vendedor não abriu a boca durante a venda, só para dizer os preços. O garoto começou a pensar nas palavras de Willie. Não via seu pai há muito tempo. Achava que estivesse em comércio intenso, mas no verão sempre ficava em casa.. Pensativo, contornou a praça para evitar outros risos e foi onde sua mãe costurava. Ela se assustou com o filho, sem motivo, e largou o pano que costurava. Abraçou o filho.
- Que bom que veio logo. Escute, seu pai está longe de casa faz cinco luas, e.. - o rapaz se afastou da mãe com raiva.
- Onde está ele? Onde está meu pai? ONDE?
Lágrimas escorriam dos olhos de Rebecca. Ela apontou para o templo de Luna ao longe.
- Não. Não, NÃO! - Thomas desceu correndo as escadas, derramando água da bacia que, por pouco, não caiu. Ele segurava a bacia por uma força maior. Iria apagar os braseiros do templo. Foi em direção aos portões, mas Willie o parou.
- Diga a puta que.. - o homem parara de falar, assustado com o rosto vermelho do garoto. A água foi derramada. Não no chão, não nos braseiros. Nas vestes podres daquele que incitara a raiva de Thomas. Nicholas Evergold estava desaparecido, morto para adiantar. Seu corpo foi encontrado - em condições anormais para tanto tempo de decomposicão, dissera o forense - perto de Eldanore. Thomas ficou na sombra durante muito tempo, sua mãe casou-se com um conde, apaixonado, claro, para casar-se com uma costureira. O filho que conde Harrison já tinha foi o camarada de Thomas, até que o destino decidiu mais uma vez, separar o rapaz da felicidade. Thomas teve que sair de casa, já tinha 19 anos. A vida o esperava.
Bandidos da caravana
A carroça balançava mais agora. Deveria ser um morro, ou mesmo a terra era ruim naquele trecho. Mas era neve. As árvores espessas pareciam esconder olhos atentos. O que se ouvia era vento e o grasnar de algumas águias. Uma ponte de madeira se mostrava a leste.
Um homem em manto de linho branco e bastão na mão permanecia no final da ponte. O andarilho esperava esmola, mas aqueles comerciantes não se apiedariam tão facilmente. Abriu caminho e pediu para parar. O gesto aparentemente pacífico inquietou ao jovem que guiava e este olhou para o pai que sentava atrás.
-Devo parar?
-Veja o que ele quer. Mas se for esmola, estamos duros!
A carroça parou, o pedinte se aproximou.
-Vieram de longe? São comerciantes, aposto!
O rapaz se surpreendeu e mentiu.
-Não.. procuramos trabalho.. - voltou os olhos para alguns homens que tinham surgido das árvores.
-Bom, receio que essa informação merece ser checada, não? - antes mesmo que se pudesse deduzir o que estava acontecendo, o andarilho depositou seu bastão no crânio do jovem e sangue jorrou.
Gritos viam de trás, homens hostis se aproximavam para pegar seu dote do saque. O comerciante que teve o filho morto, agora cutucava desesperadamente um conjunto de tapetes atrás da carroça.
- Acorde! Faça seu trabalho!
Um rapaz saltou de debaixo dos tapetes da carroça e observou o ambiente.
-Assalto?
-Mate logo eles! Mate!- o comerciante estava nervoso.
O rapaz, que deveria ter seus 20 anos, correu e procurou o inimigo mais próximo. Tirou sua adaga da bainha, pulou sob o suposto pedinte, derrubando-o. O bastão caiu de sua mão e o rapaz pôde rasgar suas tripas. A essa altura os outros bandidos já lutavam com o comerciante barrigudo. O homem rolou para debaixo da carroça e procurou se proteger. Um mouro, gigante diria-se, de 2 metros, tirou sua espada recurva das costas, raspando o ar. Arremessou a arma para baixo e o mercador teve a barriga do pé decepada, juntamente com os dedos.
O rapaz olhou para as tripas do morto mais uma vez e se levantou devagar. Tinha que correr. Foi em direção a floresta deixando os assaltantes que pareciam não tê-lo percebido. A não ser um em especial, que observou a figura em sua correria. Pegou seu arco de caça, tirou uma flecha da sacola e mirou nas costas. Se a flecha errou ou não, isso depende. Para o bandido, a flecha errou. Passou do lado da cabeça do alvo. Já para o rapaz, a dor foi intensa na hora em que a flecha raspou sua orelha esquerda. Ainda possui a cicatriz. Na floresta ele procurou abrigo. Thomas Evergold procurou abrigo.
Azeroth, o arqueiro
Thomas desceu as escadas. Estava preocupado. O dinheiro tinha acabado há alguns dias e ele não sabia como ia continuar a pagar a hospedagem. Evitou o olhar do taberneiro, o qual nunca se lembrava do nome. Foi para fora. Sentou-se no banco da fachada e observou o horizonte. Não fazia ideia de onde estava e desde que tinha chegado ali, depois da emboscada na estrada, não tinha ido longe. A tarde chegou as poucos, e os clientes foram chegando junto. Apesar de não haver músicos a taverna estava barulhenta. Thomas entrou e sentou-se na mesa ao fundo.
Continua.
Belsand, a nova vida
Depois que os moravianos tomaram Ruvian, e em seguida Bel-Luna, Moravia seguia seu caminho para Luyaran. Thomas descansava no alojamento dos guardas, com a capa verde retirada cobrindo seu corpo. Nunca havia ido até Bel-Luna, não tinha vontade de ver o torneio. Num golpe de sorte, escapou dos olhos do Capitão Senar que, ao mesmo tempo coordenava algumas pessoas e conversava com seu rei. Se deixou cair na cama pouco macia do prédio da guarda. A cidade ainda estava em seu ritmo normal quando o rei Graham ficou a pá da situação e avistou o grande exército marchando. Tendo Lalas trago a notícia e, inevitalvemente, mais pessoas, a cidade estava agora em alvoroço, o que a mente desacordada de Thomas intrepretou como “os atrasados para o festival”. A queda de Luya estava na porta, seus habitantes nas catacumbas e o arqueiro agora acordado subia ao telhado com a navalha na mão, uma barba grossa no queixo e inimigos ao seu redor.