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Ascensão Moraviana

De Mystical Tales

A Queda de um Império

Não precisa ser nenhum gênio para compreender como era formada a delicada estrutura de nosso mundo, apesar de todo o seu poderio a cidade de Bel-Luna sustentava um continente fazendo um trabalho digno de equilibristas, no fundo todos nós sabíamos que um vento um pouco mais forte poderia trazer tudo ao chão.

Tudo começou com o fim da guerra entre os Uruks e a Moravia, do dia para a noite os Uruks ignoraram seu inimigo e se voltaram para o Reino de Belsand, desde então o Reino da Moravia se colocou longe das guerras e pareceu finalmente pacificar a Gleimt, a região Norte do continente de Volund.

Como todos os anos a Cidade-Estado de Bel-Luna anunciou seu Grande Festival, prometendo lutas, comércio livre e festas para todos os povos, na cidade encontrava-se a Guarda de Bel-Luna, composta naquele dia principalmente por homens da Morávia e de Ruvian, os leais soldados de Belsand e Kanar haviam sido dispensados da guarda da Cidade-Estado para auxiliar seu reino em uma guerra contra as tribos Uruks que assolavam suas terras.

Logo quando começou o festival os Portões de Bel-Luna foram abertos ao público, pessoas aguardavam no portão Norte pelos homens de Ruvian e da Moravia enquanto no Portão Sul a própria Comandante Lorelai de Bel-Luna aguardava a chegada de sua guarda vinda de Eldanore e os homens de Luyaran que vinham junto ao Rei Graham.

A revolução foi de dentro para fora, logo na chegada em Bel-Luna os homens da Morávia atacaram uma cidade que possuía portões abertos, os guardas da Moravia e de Ruvian que se encontravam em Bel-Luna apunhalaram homens leais da Cidade-Estado pelas costas, porém eles ainda não haviam chegado ao portão sul ou ao Castelo de Bel-Luna, com alguma sorte os homens e mulheres poderiam fugir para os pequenos reinos do sul em busca de ajuda.

Homens leais de Bel-Luna se juntaram e tentaram defender o castelo a todos os custos, porém quando a batalha estava totalmente perdida reuni alguns ultimos homens para ganhar tempo para a cidade, uma esperança final de que algum reino poderia estar a caminho de Bel-Luna para nos ajudar a derrotar esse cruel inimigo.

-Comandante Lorelai, a cidade está agora sob domínio do Reino da Moravia, colocarei alguns bons homens para lhe auxiliar na fuga. - Disse Olori o soldado.

Lorelai estava ainda com roupas de gala e cabelos presos em um coque real costumeiro em Bel-Luna, seus olhos rápidos procuravam uma solução para a batalha que não tinha nem condições de ser lutada, adotando da razão como é de seu costume ela simplesmente se levantou e ordenou que lhe buscassem botas fortes para que pudesse correr, olhou nos olhos do elfo pela ultima vez:

- E onde você vai exatamente Olori? - disse ainda nervosa. - Pretende enfrentar Kiba?

Os poucos soldados de Bel-Luna se reuniram em torno do velho elfo e saudaram pela ultima vez a Comandante Lorelai, leais ao seu reino e sua ideologia os homens de Bel-Luna nada lhe disseram em resposta, simplesmente completaram sua saudação e se dirigiram ao portão do Castelo onde iriam enfrentar a morte.

- Lhes ensinei disciplina o suficiente para morrerem por ela, meu erro foi não lhes ensinar rebeldia para poderem salvar suas vidas. - disse Lorelai de Bel-Luna enquanto se dirigia para seu estreito túnel que lhe permitiria fugir da cidade, ela agora não seria mais a mesma mulher, seria o fim de sua brilhante carreira de líder de estado e diplomata, ao menos era esse triste pensamento que lhe vinha em mente.


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- O que está acontecendo ali? - apontou o Rei Rafael LaVeque do Reino de Belsand.

Um soldado ao seu lado se aproximou e tomou calmamente o monóculo da mão de seu senhor, olhou ao fundo com calma e anunciou.

- Parece uma tropa se movendo Rafael, por trás de nossos inimigos.

O exército Uruk estava alinhado em frente aos portões de Belsand ja haviam 5 noites, recusaram batalhas e qualquer conversa referente a termos de paz, erguiam enormes tendas que cobriam o horizonte, porém não o suficiente para os olhos atentos dos homens da muralha de Belsand.

- Parece que uma tropa marcha rapidamente ao Sul senhor, mas na direção de Luyaran e não de Bel-Luna, será que Kiba da Moravia pretende visitar Luyaran antes do festival? - indagou um jovem soldado.

- Não é possível, segundo nossos homens o Rei Kiba está a caminho de Bel-Luna para as festividades. - disse Rafael LaVeque com firmeza. - Será que estão indo a Kannar?

Um homem alto e loiro cospiu sobre a muralha enquanto ouvia a conversa, virou-se de costas e procurou o mar que estava além das montanhas que cercavam Belsand.

- Toda a frota de Kannar está na agua Rafael, a maior parte inclusive aqui conosco. - Lalas de Kannar falava com calma e tom experiente. - Aqueles soldados são um segundo batalhão partindo para Luyaran.

Naquele momento tudo ficou muito claro para o Reino de Belsand, eles estavam presos em suas grandes montanhas fronte a uma horda de Uruks, por trás dessa tropa um exército marcharia a caminho de Luyaran, impedindo todo e qualquer aviso, o exército Uruk negava combate por parte de Belsand pois sabia que não seria uma batalha facil, o objetivo deles era simplesmente cortar as comunicações de Belsand com outros reinos, e mesmo agora ao compreender todo o cenário o Rei Rafael ja sabia que deveria ser tarde demais.

- Lalas convoque toda a frota de Kanar, eu e você iremos para Luyaran enquanto uma pequena embarcação deve ir ao porto secreto.

- O porto secreto? - disse Lalas descrente - Você crê que Bel-Luna também corre perigo?

- Se eu tivesse do lado do inimigo isso seria exatamente o que eu faria... é sincero considerar que eles podem ter um bom estrategista. - Disse Rafael enquanto descia das muralhas e tirava as partes simples de sua armadura.

- A Moravia nunca dividiu seu exército antes. - falou Lalas caminhando e roubando uma laranja de um vendedor de rua.

- Por isso os subestimamos, queria eu ser considerado um idiota para surpreender todos com um simples golpe final.

- Não se sinta mal por isso Rafael, você é um idiota há anos.


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Vestidos em uniformes reais partiram os elfos de Eldanore para Bel-Luna, eles teriam agora a honra e o privilégio de servir como escolta pessoal da Comandante Lorelai de Bel-Luna durante todo o festival, tarefa que no passado havia sido cumprida apenas por Belsand e Kannar, por este motivo os elfos marchavam reluzentes e orgulhosos.

Ultrapassaram os seus territórios e quando estavam há poucos minutos de distância da Cidade-Estado de Bel-Luna puderam observar pela primeira vez que a fumaça negra que viram durante as ultimas horas não era apenas uma nuvem carregada sobre Bel-Luna, era fumaça expelida pelas construções queimadas na cidade, logo depois sentiram o cheiro da morte e observaram o portão da cidade aberto, uma tropa pelo lado de fora marchava frente a eles.

Os soldados de Eldanore não estavam preparados para uma batalha a céu aberto, rebateram o forte impacto do combate enquanto ainda confusos com a nova situação que viam agora, a batalha foi suja e devastadora para os elfos, aqueles que sobreviveram fizeram graças ao apoio de arqueiros que fizeram chover flechas durante o recuo dos elfos, porém tal atitude heróica não salvou os próprios arqueiros.

De volta em Eldanore o susto virou medo que tomou conta da cidade com reuniões de conselho e debates sobre o que poderia ser feito, tudo isso há poucas horas da noite.


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A região de Damlui estava tomada pelo exército da Morávia, enquanto uma tropa marchava para Eldanore outra se direcionava para o local conhecido como Tribo de Jhan, a antiga tribo dos guerreiros onde nasceram guerreiros humanos famosos do Continente de Volund.

Os Orcs e Drows avessos a comemorações iniciais e cortejos do Festival de Bel-Luna ainda estavam trabalhando normalmente quando o exército da Moravia chegou, mal houve tempo de organizar uma defesa na pequena Jhan, a falta de luz do dia era uma defesa confiante de Jhan, porém o inimigo parecia não se surpreender com a noite eterna que tomava conta do local, e assim aos poucos os Orcs começaram a ser desarmados e aprisionados pelo exército inimigo.

Ao primeiro sinal da noite o exército Moraviano se alinhou junto as saídas de cavernas e iluminou o quanto pode o local, lentamente a movimentação começou quando uma Drow alta com cabelos longos e prateados, olhos de cor purpura, corpo magro e traços muito belos chegou ao local.

- Eu sou Shahilla, vocês estão em território Drow.

Um general largo se destacou da multidão, andou fedendo a sangue em direção a representante dos Drows e bradou com autoridade:

- As cavernas são o território Drow, este local a céu aberto é território Moraviano e esses Orcs são prisioneiros de guerra.

Shahilla moveu seus lábios lentamente, analisou a situação devagar e falou com calma.

- Os orcs não passam de hospedes que moravam por favor, se não houver ameaça ao subterrâneo vocês podem utilizar esse monte de lixo que está na aqui. - Falou sem hesitar ao comandante Moraviano - Cumprimos o nosso trato e não havia sequer um Drow na batalha.

Enquanto o comandante se rendia ao perfume doce da enviada dos Drows os outros homens ao redor encaminhavam os Orcs para a marcha dos escravos, Shahilla se movimentou delicadamente entrando na caverna antes olhando uma ultima vez para os antigos hospedes de Jhan quando um orc gritou insultos a ela sobre traição.

Shahilla entrou novamente nas cavernas sendo seguida por figuras que estavam a sua espera, ninguém ousara falar por uma parte do caminho até que a General Q'xernim se aproximou.

- A cidade está tomada para que o Rei Moraviano seja coroado como ele quer, mas nós poderíamos ter defendido Jhan ao invés de simplesmente entrega-la para que eles possam seguir caprichos de uma coroação no local onde foi a Tribo dos Guerreiros. - Disse Q'xernim com alguma raiva na voz. - Não entendo porque essa postura, eles nunca conseguiriam nos atacar.

- Deixe que eles façam o inferno na terra minha cara. - Disse Shahilla - Hoje eles são muito fortes para serem combatidos, vamos cuidar de lucrar com os objetivos deles para ficarmos maiores do que o patético Reino de Areia de onde eles vieram.

E assim o pequeno grupo Drow adentrou seus túneis e ignorou o que estava acontecendo em Jhan, os Orcs que um dia foram donos da cidade hoje estavam sendo acorrentados e marcados para que os objetivos de guerra fossem cumpridos, Jhan estava agora livre para os desejos da Moravia e os Orcs seriam entregues aos Uruk em forma de homenagem pela participação na guerra.


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Saindo do castelo pela manhã o Rei Graham vislumbrava sua viagem para Bel-Luna, apesar da diversão obvia que o evento iria lhe proporcionar o Rei pensava seriamente na ausência de homens como Lalas e Rafael, mesmo sendo um homem aparentemente mais sério o Rei Graham gostava da companhia dos outros reis, e sem a eventual animação de Belsand e Kanar o evento provavelmente o manteria durante horas preso em uma sala junto ao antipático Kiba da Moravia e a provavelmente mal humorada Lorelai de Bel-Luna, o evento tão esperado mais parecia um fardo.

A cidade de Luya parecia calma assim como todo o Reino de Luyaran, muitos ainda estavam se arrumando e preparando-se para sair em direção a Bel-Luna, porém pouco mais de uma hora depois os soldados de Luyaran ja acompanhavam um grande grupo de pessoas que estava indo a Bel-Luna para o torneio, Graham ficou junto com ainda muitas pessoas que ainda não haviam resolvido ir, arrumou as manoplas de sua armadura e subiu na muralha calmamente para conversar com o porteiro e observar o horizonte.

- Você vai ganhar uns dias mais calmos graças ao Festival de Bel-Luna. - riu Graham para o porteiro que não sabia se deveria responder. - As coisas aqui vão ficar ented... - Graham notou o alerta no olhar do porteiro que desceu as escadas correndo e passou os portões ainda com velocidade.

Blaise correu em direção a uma criança que aparecera ensanguentada próximo a ponte a frente da cidade, uma menina de cabelos loiros que não deveria ter mais de 8 anos chorava nos braços do porteiro que a levantara e aninhara nos braços, logo atrás chegou o Rei Graham com a espada na mão.

- O que houve homem?! Porque essa criança está assim? - indagou o rei.

- Precisamos voltar a Luya e fechar os portões Senhor, inimigos marcham para Luyaran. - falou temeroso Blaise.

- Porque você acha isso Blaise?

- Eu conheço esse local como ninguém senhor, passo dia e noite olhando para esse mesmo horizonte, um exército marcha para Luyaran...

E assim os homens voltaram para a cidade agora acompanhados por guerreiros que haviam saído em disparada a procura do seu Rei, ao entrarem na cidade se encontraram com um pequeno grupo que corria vindo do castelo, em frente deles estava Lalas de Kannar que respirava forte enquanto corria.

- Graham, a Moravia está atacando Luyaran! Um exército passou por Belsand e Kanar.

Ainda atônito com a visita repentina e o relato do porteiro o Rei de Luyaran indagou Lalas:

- E o que você faz aqui?

- Eu vim recolher os sobreviventes, achamos que a essa hora Luyaran já teria caído. - disse Lalas com certeza na voz. - E isso significa que vou recolher também um Rei e alguns bons soldados.

Não houve tempo de discutir sobre isso, Graham foi chamado de volta ao portão para observar o enorme exército que ainda estava atravessando a ponte, o sul estava sendo tomado por tropas que nesse momento tinham perfeitas condições de tomar Luyaran.

- E se Rafael estiver certo tem mais gente vindo. - Lalas chamou um homem velho que parecia cansado. - Este é Saim, ele vai permanecer em Luya depois que sairmos.

- Como permanecer? - Indagou o Rei Graham.

- Ele vai explodir a cidade com todo o óleo e poções de explosão que vamos carregar dos barcos para baixo do castelo, você precisa vir comigo! - Disse Lalas ao segurar o punho de Graham.

- Mas e a cidade? Preciso ficar em Luya enquanto a cidade caí!

- Você não é um maldito capitão de barco para afundar junto com esse bando de pedras, venha para Belsand, fique forte novamente e retomaremos Luya juntos, conosco você tem chance. Vamos fugir logo pelas catacumbas do Castelo enquanto ainda é possível.

Graham olhou para a cidade em lamento, observou os postes e as flores que faziam as calçadas de Luya tão únicas, observou a montanha mais uma vez a procura de uma solução enquanto as pessoas se reuniam ao seu redor, todos esperavam uma decisão do Rei que ainda com lagrimas nos olhos buscou força em seus pulmões para ordenar a todos ao seu redor.

- Para o Castelo de Luya AGORA! Me sigam pelas catacumbas, não temos tempo a perder!



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Eldanore era uma cidade estrategicamente condenada, enquanto por um lado eles tinham a vantagem de se encontrar em uma ilha essa era também a sua maior desvantagem, logo foi decidido que deveriam sair pelo portão principal e buscar avisar a cidade de Luya sobre os acontecimentos, tal grupo mal saiu e voltou ao avistar uma enorme tropa que se dividia entre Luya e Eldanore, aparentemente a cidade de Eldanore seria cercada pelos seus dois portões.

- Ayoooooo - Gritou uma voz ao fundo da cidade.

Velas negras apareceram no horizonte de Eldanore seguidas por velas de diversas cores diferentes, muitas deles esfarrapadas ou remendadas, homens balançavam os braços rapidamente tentando chamar a atenção dos elfos que os viram primeiramente como inimigos que vinham para completar a invasão, porém nenhum desses homens carregava arma, aportaram rapidamente colocando pranchas e jogando cordas para o porto.

- Parece que vocês estão com um problema orelhas pontudas... Kannar e Belsand nos mandaram para ajuda-los. Eu sou Myrra e estou com o comando desta frota.- Falou a mulher que desembarcou primeiro e exibia sua autoridade ao falar alto e com firmeza.

- Vocês vieram para a guerra? - Perguntou um elfo que chegara assustado.

- Não, nós viemos para não permitir que vocês sejam dizimados por esses bastardos do deserto, temos barcos para muitos mas não para carregar todos os seus pertences, comecem a subir imediatamente. - Bradou Myrra com a mesma autoridade de sempre.

Um sério se adiantou frente aos outros para encarar a jovem humana.

- Vocês veem de Belsand e Kannar, quais recados Lalas e Rafael nos mandam nesse momento?

- Ah me desculpe, esqueci dos recados de Rafael, ele diz "Ó grandes orelhas pontudas com grandes perguntas e dúvidas, entrem no barco ou afundem com a MERDA DA SUA ILHA", querem saber o que falou Lalas? - Irritada Myrra ajudou outro barco a se colocar no porto e olhou novamente a multidão. - Eu não ficarei aqui para a guerra, se pretendem enfrentar esse inimigo me avisem e sairei o quanto antes.

Muitos elfos embarcaram nos barcos de Kannar, porém nem todo cidadão de Eldanore aceitou sair da cidade, muitos elfos orgulhosos se mantiveram em Eldanore para lutar pela sobrevivência da cidade, muitos se arrependeram dos dois lados, ora um mergulhava para alcançar o barco e ora outro mergulhava para alcançar a cidade.

Eldanore provavelmente se sustentou por muito mais tempo do que sabemos ou temos registrado, sabemos que eles derrubaram pontes e lutaram até o esgotamento de suas energias, porem a Moravia tinha energia e numero para levar essa batalha até onde fosse, e nenhum reino poderia impedir esse brilhante golpe Moraviano, a ultima cidade dos elfos agora era território deles, e o Rei Kiba finalmente poderia se chamar de "O exterminador de elfos".


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Rafael Sorrensen LaVeque ja havia navegado além de Luya e Eldanore, seguia firme seu caminho acompanhado por 4 barcos de Kannar que lhe davam apoio e poderiam ser necessários para a fuga, não havia nenhum outro local para ir além do Porto Secreto, ali estaria o seu grande diferencial que poderia vencer uma guerra ou perder.

Pouco logo após anoitecer Rafael observou uma pequena tropa da Moravia com fogueiras próximas a uma casa destruída, tirou calmamente a luneta de seu bolso e procurou ao longe aquela pequena tropa, nela haviam muitos homens em torno da fogueira e uma tropa maior separada.

- Duas tropas, uma grande e uma pequena. - Anunciou Rafael aos piratas que estavam ao seu lado. - Acho que uma delas está se preparando para partir.

- Nada disso.. - Falou um pirata mais velho. - Aqueles ao lado são Orcs do sul e não uma tropa da Moravia, olhe ali Rafael, estão todos acorrentados.

Rafael se surpreendeu com a informação dada pelo homem que estava vendo a olho nu, procurou ficar mais próximo da luz e apontou novamente a sua luneta para descobrir um grupo de orcs abatidos e acorrentados com um pequeno grupo de escolta em volta, enquanto isso a tropa ao lado parecia comemorar em torno da fogueira os sucessos daquele dia.

- São escravos? - indagou o Rei de Belsand.

- Agora provavelmente são, se os Uruks são aliados da Moravia os Orcs devem ser um grupo de escravos ou até mesmo um numero de sacrificados em honra ao apoio Uruk. - Destacou um jovem soldado de Belsand. - Não é justo.

- Os inimigos de meus inimigos são meus amigos - Murmurou Rafael LaVeque enquanto tomava uma decisão. - Dolph! - Gritou o Rei ao chamar um soldado.

- Senhor?

- Entre no barco que nos segue ao lado e leve os outros 3 barcos para terra para capturar os orcs, livrem eles das correntes e levem os bastardos para Belsand, precisaremos da força orc para vencer essa guerra.

O soldado de Belsand sorriu para seu senhor ao ouvir essa notícia, ordens foram dadas e sinais distribuídos aos outros barcos com o uso de bandeiras e iluminação.

- Nos veremos em Belsand Senhor? - Perguntou o soldado Dolph.

- Não tenho meu caro, tenho de chegar a um lugar antes. - falou distraído enquanto buscava o horizonte. - e estou chegando perto finalmente.

- Bons Ventos vossa majestade, que os deuses guiem seu caminho. - bradou o soldado que saia apressado para trocar de embarcação.

Dolph trocou de embarcação e navegou junto com as 3 naus restantes de Kanar em direção a terra onde surpreendeu os soldados Moravianos com um ataque surpresa desajeitado e veloz, foi também auxiliado pelos orcs conforme conseguia lhes dar liberdade, a batalha noturna daquela noite ficou conhecida como "O Vermelho e o Verde" conto de um bardo que se encontrava em um dos barcos, nesse conto ele conta como os humanos desembarcaram e lutaram junto aos orcs pela liberdade, transformaram a encosta ao sul de Jhan em um verdadeiro mar de sangue e é considerada um marco em nome da vitória pelos homens livres.



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Ela estava cansada dos túneis escuros e das malditas teias de aranha pelo caminho, Lorelai estava exausta e arrasada, seu espírito após a queda da cidade de Bel-Luna estava destruído e ela mal sabia o que seria de si mesma, muitas vezes indagou se realmente valeria a pena continuar sua vida com esse sofrimento, quis se jogar nos esgotos e pequenos túneis que atravessavam o caminho para Porto Secreto por diversas vezes.

Sua guarda mantinha-se firme no caminho apesar do cansaço, encontraram a luz fraca da noite e o vento gelado do mar no velho porto abandonado de um rio, o local não era facil de se alcançar e não era usado por nenhum reino pois no final das contas não levava a lugar algum, por este e outros motivos que Lorelai decidiu que o túnel de escape seria construído.

Aquele túnel ajudou a manter sua descrição durante anos, quando ela precisou receber líderes que não poderiam ser vistos em Bel-Luna ou quando precisou tirar alguém da cidade de um modo alternativo, foi também esse local que a ajudou a manter sua vida pessoal e amorosa intacta, agora em uma esperança fútil queria apenas vê-lo e descansar... tudo desmoronou...e se Belsand também caiu?

Lorelai caiu em uma cadeira cheia de panos e dormiu em meio aos seus pensamentos confusos e suas lagrimas.

- Ei, sabe qual a diferença entre Belsand e Bel-Luna? - Perguntou uma voz que a acordara. - Nunca nenhum maldito Moraviano pisou em Belsand. - Falou o sorridente Rafael LaVeque que se encontrava a sua frente.

Lorelai desferiu o golpe mais forte que seu cansaço permitiu contra ele, gritou palavrões e chorou ao ser abraçada, foi levada ao barco em pequenos passos por Rafael que notou seu cansaço mas salientou a urgência em sair daquele local. Ao entrarem no barco a tropa real de Belsand estava presente com roupas de marinheiros de Kannar, todos se alinharam e saudaram o casal que entrava no barco.

- Longa vida ao Rei Rafael Sorrensen LaVeque e a Rainha Lorelai Mirri LaVeque! - Gritou o homem que estava a frente e depois todo o barco, seguidos de urros e comemorações os homens começaram a trabalhar para colocar o navio de volta em curso enquanto Rafael e Lorelai eram saudados e abraçados pela tripulação, ao chegar no centro do barco Rafael colocou-a sentada ao seu lado e se acomodou satisfeito.

- Eu estou arruinada... minha carreira acabou. - Disse Lorelai.

- Sua carreira não acabou, você apenas mudou de local e assumiu o posto que deveria ter assumido há anos, respeitei o seu trabalho e sua vontade de crescer, mas o mundo tomou outros rumos e você não pode mais negar isso.

- Então você sempre soube que um dia eu iria me aposentar e ser Rainha? - Perguntou Lorelai com a sombra de um sorriso.

- Eu esperava que em outras circunstancias você viesse para Belsand e assumisse seu posto, porém com o que temos hoje sua carreira está longe de acabar. - disse Rafael.

- O que temos hoje de tão especial?

- Se tudo correu bem agora Belsand tem humanos, elfos, orcs e talvez até alguns drows, possuí pessoas de Belsand, Bel-LUna, Luyaran e sabe-se lá mais de onde...- disse Rafael olhando-a sem esconder o sorriso por te-la encontrado. - Só conheço uma pessoa que consegue colocar ordem em uma cidade com todos esses povos.

- Mas agora como Rainha. - Disse Lorelai sorrindo sinceramente.

- Nós somos casados há mais de 10 anos e você ainda se emociona ao dizer isso. - Riram os dois enquanto conversavam - Sim, você é a Rainha de Belsand e deve me ajudar a governar o que é provavelmente ingovernável, porém vamos vencer a guerra e com o tempo tudo ficará mais facil.

- Suponho que você tenha um plano.

- Eu ja executei meus planos por hoje, agora para o futuro eu só penso em uma coisa.

O barco seguia o seu caminho durante a noite para a cidade de Belsand, cidade que recebeu um casal real cansado e sorridente, dispostos a lutar por todos os povos e manter a filosofia que fizera Belsand sobreviver até hoje, Rafael e Graham se abraçaram felizes de descobrirem o outro vivo, Lalas aplaudiu a entrada da Rainha Lorelai com um sorriso falso como somente ele saberia mostrar e muitos homens e mulheres seguiram essa salva até o castelo, onde finalmente começaria a resistência em nome da ultima cidade livre de Volund.


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